Chegou a hora de mudanças profundas no processo produtivo para economizar energia elétrica


A despesa com energia elétrica está entre os principais gastos das empresas. Por exemplo, na Mercedes-Benz está entre os dez principais insumos da cadeia produtiva. O desafio de muitas empresas é conhecer setorialmente o consumo de energia e priorizar ações otimização do consumo. Soluções de triviais como substituição de lâmpadas convencionais por LED, troca de motores e substituição de antigos equipamentos de ar condicionado já foram adotadas pela maior das empresas. Agora as mudanças devem ser mais profundas, contemplando a revisão do processo produtivo e a alocação de tarefas em horários de menor custo de energia.

A máxima de não mexer em time que está ganhando não vale mais para empresas que buscam reduções drásticas de custo em seus processos produtivos. As ações de eficiência energética até agora ficavam nas “beiradas”, como se diz no popular. Obviamente, que aplicar ações conhecidas e de baixo risco não comprometem o funcionamento das organizações e não expõe seus gestores. Entretanto, se não tomarmos ações mais radicais iremos comprometer a competitividade da organização no futuro.

A indústria passa por uma transformação radical com novas tecnologias e automação extrema de processos, incluindo soluções de inteligência artificial, que destruirão os conceitos que temos hoje sobre manufatura. A chamada quarta revolução da indústria, também conhecida como Indústria 4.0, permitirá a produção em massa de produtos personalizados, com a autoprogramação dos robôs de acordo com a demanda de produtos. Isto transformará a cadeia produtiva. As novas configurações de fábricas já incorporarão as tecnologias da Indústria 4.0, contemplando o uso eficiente de energia. Com automação extrema, os processos produtivos que exigem maior consumo de energia poderão ser programados para horários de menor custo de energia.

A nova regulamentação para autoprodução de energia elétrica, resolução normativa nº 687 da Aneel, abre novas oportunidades para a autossuficiência de energia, podendo usar a energia da concessionária de distribuição de energia apenas como backup ou para uso em horários de baixo custo.

Por ser um dos insumos mais caros, a eficiência energética deve ser uma prioridade do alto escalão da empresa e NÃO deve ser delegada. A introdução da ISO 50.001, norma que trata sobre eficiência energética, contempla a participação de todos os funcionários da empresa e a criação de um comitê para priorizar, aprovar e monitorar o consumo de energia elétrica. Não existe a necessidade de certificação, basta seguir a norma. Muitos clientes estratégicos possuem certificações próprias para fornecedores, sem a necessidade de arcar com os altos custos de certificação de mercado. Afinal, o importante é o resultado final.

Planejar a máxima otimização dos processos produtivos é mandatório para as empresas já estabelecidas para competirem com os novos entrantes da indústria.