Para quem trabalha em melhoria contínua de processos sabe o esforço para reduzir custos de um digito percentual na operação. Agora imagine ter um insumo que pode variar de uma semana para outra em dois dígitos percentuais, fora do seu controle. Considere ainda que esse insumo é, em muitas empresas, o segundo custo depois da folha de pagamento. Pois é, o PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) registrou um aumento de 11% nos submercados do Sudeste/Centro-Oeste, Sul e Norte, de R$100,64/MWh para R$111,91/MWh, em média, válido para a semana de 4 a 10 de fevereiro de 2017. A justificativa é a piora na expectativa de chuvas. Segundo a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), a previsão de afluência para o SIN (Sistema Interligado Nacional) caiu de 77% para 74% da média histórica de fevereiro. Isso também sinaliza a mudança de bandeira tarifaria no curto prazo, elevando ainda mais os custos da indústria e comercio.
O PLD é utilizado para valorar a energia comercializada no mercado de curto prazo e se faz pela utilização dos dados considerados pelo ONS para a otimização SIN. Em função da relevância de geração de energia pelas usinas hidrelétricas no Brasil, são utilizados modelos matemáticos para o cálculo do PLD, que têm por objetivo encontrar a solução ótima de equilíbrio entre o benefício presente do uso da água e o benefício futuro de seu armazenamento, medido em termos da economia esperada dos combustíveis das usinas termelétricas.
As empresas precisam recorrer ao mercado de energia de curto prazo se houver uma demanda acima da contratada. Por questões de otimização e redução de custos, a contratação de energia segue algumas premissas estatísticas de demanda e assume-se alguns riscos para períodos de maior demanda. A cada variação do PLD é necessário avaliar o modelo matemático que foi utilizado para avaliar se o risco de exposição aumentou e reavaliar a estratégia energética, incluindo a reprogramação da produção para equalizar o consumo.
Para a análise de demanda de energia é necessário que o software de programação da produção considere a demanda e consumo de cada componente da linha de produção, incluindo o impacto na logística dos fornecedores (principalmente, se adota o just-in-time) e na distribuição.
Isso reforça a análise de implantação de geração própria de energia através de minigeração com tecnologia sustentável (eólica ou fotovoltaica) ou uso de geradores a diesel. A programação pode incluir o desligamento da área de escritórios da rede pública e uso, exclusivamente, de energia fotovoltaica, por exemplo, durante o período de pico de demanda.
Fazer a gestão energética da empresa, integrada com a produção e data centers (grandes consumidores de energia) é fundamental para reduzir custos e riscos associados.