A energia pode representar 40% dos custos de produção, sendo um insumo estratégico para as indústrias. Existem vários estudos e parâmetros de devem ser monitorados para garantir o uso eficiente de energia. As mudanças tecnológicas e novas programações de produção podem mudar o projeto elétrico realizado na instalação da linha de produção. Uma preocupação constante é manter o fator de potência dentro dos parâmetros da legislação, atualmente em 0,92. Outro aspecto importante é a monitoração da curva de carga.
De acordo com a Resolução 414 de 9 de setembro de 2010, o fator de potência (FP) é um índice que mostra o grau de eficiência que um determinado sistema elétrico está sendo utilizado. O índice varia entre 0 (zero) e 1 (um). Quanto mais próximo de 1, mais eficiente é o sistema. Atualmente, o valor de referência é 0,92.
Vários fatores podem reduzir a eficiência do sistema, por exemplo:
- Motores de indução trabalhando em vazio durante longos períodos de operação;
- Motores superdimensionados;
- Transformadores em operação em vazio ou com carga leve;
- Grande número de motores de pequena potência em operação por longos períodos;
- Fornos a arco;
- Fornos de indução eletromagnética;
- Máquinas de solda a transformador;
- Grande número de reatores de baixo fator de potência usados em lâmpadas de descarga (lâmpadas fluorescentes, vapor de mercúrio, vapor de sódio, etc.);
- Fontes de alimentação de equipamentos eletrônicos;
Lembrando que instalações com fatores de potência abaixo do índice de referência da legislação pagam pesadas multas as distribuidoras de energia.
No Brasil, de acordo com Ministério de Minas e Energia, a indústria consome 43,7% de toda energia elétrica nacional e a força motriz em operação usa 68% dessa energia. Ou seja, os motores consumem 30% da energia elétrica dos motores.
Dada essa relevância, a Portaria Interministerial MME/MCT/MDIC 553, de 8 de dezembro de 2005, determina a obrigatoriedade de níveis mínimos de eficiência para motores de indução trifásicos fabricados a partir de dezembro de 2009, assim como os comercializados a partir de junho de 2009.
Entretanto, as pesquisas de mercado mostram que é comum a prática de recondicionamento de motores antigos no setor industrial. Com uma vida média superior a 15 anos, a maioria dos motores em operação são anteriores a 2009. A princípio, a prática de recondicionamento de motores parece ser atraente, por ser mais barata que a aquisição de um motor novo. Entretanto, o recondicionamento compromete a eficiência, reduz a vida útil e gera um gasto energético acimo do especificado pela legislação.
Diante desse cenário, o governo está promovendo a substituição de motores elétricos antigos ou recondicionados por motores mais modernos e mais eficientes utilizando um sistema de bônus. O programa cobre motores elétricos de indução trifásicos fabricados até 2009 e com potência entre 1 cv e 250 cv, onde o consumidor deverá comprovar para a distribuidora participante do programa o atendimento desses dois critérios. O programa também cobre motores monofásicos com potência igual ou superior a 1 cv.
Sugerimos que no estudo de substituição dos motores inclua-se a revisão do fator de carga da instalação. Avalie se o projeto técnico inicial ainda é válido e o impacto dos novos motores mais eficientes.
Outro aspecto que merece estudo é avaliar mudanças no ciclo de operação dos diferentes setores de produção e o período de funcionamento diário definido. Havendo a possibilidade de diminuir a demanda de pico será possível reduzir o custo operacional da empresa. Isso é possível deslocando a operação de certas máquinas para horários diferentes, evitando a ligação simultânea de equipamento com demandas altas, reduzindo o valor da demanda de pico que é usada na conta de energia.